472. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se
limitam a aproveitar
as circunstâncias em que nos achamos, ou podem também
criá-las?
“Aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também
costumam criá-las, impelindo-vos,
mau grado vosso, para aquilo que cobiçais. (...)” (Allan Kardec, O livro dos Espíritos).
- Você é mesmo um
inútil Caius...
- Não tive culpa... – respondeu
Caius um pouco submisso, diante a imposição em tom firme do líder da reunião. -
O que estava ao meu alcance eu realizei, porém, grande barreira existia no
apartamento da Rua Sainte-Anne n. 59, no qual não pudemos entrar, e por
mais que influísse pensamentos malignos de discórdia e desânimo pelo lado de
fora do prédio, nada parecia os incomodar. Mesmo depois, quando juntamente de
outros camaradas, obscurecemos a visão dos populares e das autoridades,
levando-os a crer na natureza infame dos exemplares encomendados em Barcelona, e
mesmo sendo queimados em praça pública, isso apenas causou um maior interesse
pelo conteúdo contido neles. Pareceu-me até que tinha sido uma estratégia do
adversário.
- Aquelas “fadinhas” intrometidas...
– disse outro senhor sentado à mesa, em tom de descaso.
No total, sete comandantes
participavam da reunião, sentados em uma mesa em formato oval nem muito longa
nem muito curta, porém preenchendo-a por completo. Apenas uma fraca luz
amarelada bruxuleava do teto, no entanto, de ínfima intensidade de forma a não
poder clarear realmente a face daqueles que ocupavam as cadeiras imponentes ao
redor da mesa.
- E então? Vai ficar por isso mesmo?
Não vão fazer nada!? – disse o líder.
- Podemos continuar na preparação
dos desencarnados, trazendo-os cada vez mais para o nosso lado. E também trabalhar
na mente dos vivos para se afastarem cada vez mais do espírito, enchendo-lhes
com paixões materiais. – disse o senhor de barba negra e de presença densa e
maligna.
- Ótimo! – exclamou o líder. – Ao
menos um de vocês ainda pensa...
- Ainda não é o suficiente... –
murmurou em voz baixa Caius.
- O que disse Caius? – perguntou o
líder.
- Disse que não é o suficiente! –
respondeu imponente o interlocutor, desta vez socando a mesa. – Há rumores da
propagação desta doutrina também para ao Novo Mundo, e dizem que será uma das
terras onde haverá o maior acolhimento destas ideias.
- E o que você pretende fazer quanto
a isso? Já não falhou humilhantemente em sua última tentativa? – disse
ironicamente o senhor de barba negra, para as gargalhadas dos outros.
- Desta vez não falharei... – disse
Caius confiante, interrompendo as risadas.
- Pois então que assim seja... –
disse-lhe o líder se levantando da mesa. – Confiaremos a você a tarefa de
impedir a instalação destes ideais no Novo Mundo, e espero que desta vez não
falhe, pois se falhar será deposto de sua posição. – e após de breve pausa
disse – Dou por encerrado a reunião.
Todos encaravam Caius, especialmente
o senhor de barba negra, que transmitia intensa vibração negativa em sua
direção. Enquanto os outros de pouco em
pouco iam se levantando e saindo, apenas Caius e o senhor permaneciam sentados
à mesa. Foi quando ele se levantou e, fitando Caius intensamente, rodeou a
mesa, aproximou-se dele sussurrando algo de modo ameaçador.
- Mexe que mexe que mexe... Requebra
1, 2, 3... – cantarolava um faxineiro que passava pela sala em que Tiago
repousava despreocupadamente.
Após sentar-se por breve momento, um
cansaço enorme lhe acometera. Como que se suas energias tivessem sido sugadas,
Tiago apoiara a cabeça sobre seus próprios braços, acomodando-se numa mesa e
dormindo um sono profundo sem perceber. E apenas acordou, por causa da melodia
estarrecedora que vinha do rádio de pilha do faxineiro.
Confuso e ainda cambaleante, Tiago
se levantou e esfregou os olhos. Procurando o faxineiro que o acordara, perguntou:
- Por favor senhor, quantas horas?
- Já são quatro da tarde, menino... –
respondeu surpreso o faxineiro. - E me diz uma coisa, o que você “tá” fazendo aqui?
Todo mundo já foi embora há muito tempo...
-Ah sim... Tudo bem... Eu também já
estou de saída... Obrigado! – respondeu agradecido Tiago.
Dirigindo-se a parte exterior do
colégio, Tiago aproximou-se do primeiro telefone público que encontrou, pois
evidentemente seu celular havia acabado a bateria. Queria ligar para Zaf para
obter notícias de Juliana, que tinha ficado aos seus cuidados mais cedo.
- Alô, Zaf? – disse Tiago ao
telefone.
- Fala fujão... Aonde você “tá”
cara? – respondeu Zaf.
- Ainda na porta do colégio, mas e
vocês? Estão aonde?
- Estamos no hospital. Eu trouxe Juliana
para fazer alguns exames, mas ela está bem... Nada de grave...
- Que bom... Vou aí me encontrar com
vocês. Me esperem...
Desligou o telefone e caminhou em
direção ao hospital. A medida que caminhava, foi se lembrando de alguns
“flashs” de seu sonho. Não se recordava completamente dele, só tinha a
impressão de não ter sido muito bom. Uma sensação esquisita de que tivera feito
algo de errado lhe povoava o interior, deixando-o deveras desanimado.
Chegando a portaria do hospital, pediu
informações a recepcionista sobre a sua amiga. E logo subiu às pressas as
escadas, e chegando ao quarto em que se encontravam Juliana e Zaf, disse:
- E aí pessoal... – disse Tiago ofegante,
ao abrir a porta bruscamente.
- Que susto Tiago... – disse
Juliana, levando a mão ao coração. – Pelo menos bata na porta, ou avise quando
for entrar...
Juliana estava sentada na cama do
dormitório, com Zaf acomodado numa cadeira ao lado da mesma. Ela já parecia estar
bem melhor, e estavam apenas esperando os resultados dos exames.
- Desculpe gente... – disse ainda
ofegante Tiago.
- Desculpa!? Você me deixou lá
sozinha... – exclamou Juliana.
- Sozinha? – interpelou Zaf.
- ... quero dizer, junto deste “sem
noção”... – continuou Juliana.
- “Sem noção”!? – interpelou
novamente Zaf.
- ... e saiu pra fazer “sei lá sabe
o quê”, em vez de me ajudar! Isso não tem desculpa!
- Bom, depois dessa, acho melhor eu
ir embora, já vi que a coisa vai esquentar... Boa sorte Tiago... – disse Zaf já
saindo pela porta. – Até mais...
- Não... Espera Zaf... – disse
Juliana compreendendo de súbito que iria ficar sozinha com Tiago. E depois de
tudo o que acontecera no armário de vassouras, não era exatamente esse seu
maior desejo.
Entreolhando Tiago, num silêncio
massacrante, Juliana procurava palavras para falar com o amigo. Pensava: “O que
está acontecendo comigo? Antes era tão fácil falar com ele...”.
Enquanto isso, Tiago depois de se
sentar na cadeira onde estava Zaf, teve mais um lampejo. Um fragmento de
memória de seu sonho veio em sua mente, juntamente de um sentimento estranho de
vingança. Era a última cena daquele terrível episódio, em que o senhor
sussurrava-lhe algo ao ouvido e que Tiago não sabia o que.
Ainda abobada, Juliana balançava as
pernas ansiosamente sentada na cama olhando para o teto e as paredes, sem
mencionar nenhuma palavra, persistindo o estranho silêncio. Quando mais alguém
entra no quarto:
- Filhinha, você está bem?
- Pai? – diz Juliana, porém
pensando: “Salva pelo gongo...”.
- Boa tarde, Tiago... – diz Antônio,
o pai de Juliana.
- Boa tarde, Sr. Antônio... –
respondeu Tiago.
- Filhinha, você se machucou? –
disse Antônio abraçando a filha contra o peito.
- Eu estou bem papai... Foi só uma
“torçãozinha”... – disse Juliana encabulada.
- Ainda bem, filha... – respirou
aliviado Antônio. – Obrigado Tiago, por ter trazido ela... Te agradeço
imensamente, meu filho...
Tiago envergonhado por não ter
ajudado verdadeiramente a amiga, esboçou uma reação, porém foi interrompido por
Juliana.
- Sim pai ele me ajudou bastante...
– e olhando para Tiago disse: - Obrigada, Tiago! – com um tom meio sarcástico.
Depois de um sorriso meio torto,
Tiago despediu-se da amiga com um beijo no rosto, como era de costume, e também
de seu pai com um aperto de mão estranhamente forte da parte de Antônio,
possivelmente pelos ciúmes dele pela filha. Juliana ficara com um estranho sorriso no
rosto, enquanto Tiago ainda saia pela porta.
- Que isso filha? Está com dor em algum lugar?
- Não pai... Não é nada. – suspirou.
– Não é nada...
Já na parte de fora do hospital,
observando de longe Tiago ao sair, duas pessoas conversavam.
- Nossa! Hoje ele deu muito
trabalho... – disse uma delas.
- É... Mas graças ao seu livro
parece que ele já está começando a compreender o seu papel aqui... – respondeu
a outra.
- Realmente, ele será um excelente
médium...
CRIAÇÃO
Michael
Menezes Martins
Márcio
de Sousa Mateus Jr.
REVISÃO
Nísia
Anália
Khal
Rens Cândido
Link para download em PDF:
AVISO!!
Bom gente, chegamos ao final do semestre, e como sempre tava corrido para todo mundo, por isso o atraso tão grande nessa postagem =s
E queria dizer que agente não desistiu não viu, o Jovem Espirita vai continuar a sair, só que, agente vai ter uma pausa agora, de 1 mês mais ou menos, pra coincidir o novo arco da serie com a volta da nossa mocidade ^^
então não fiquem tristes, porque em agosto tem mais.
Espero que estejam gostando até aqui, e se segurem porque ainda vem muita coisa por ai :D
Té mais povo!
e ah! as matérias aqui no blog vão continuar, então não deixem de acessar viu? :P
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